Se tem uma coisa da qual os belgas entendem é de cerveja. O país é responsável pela produção de 1.500 marcas, distribuídas em mais de 20 tipos da bebida, que podem ser leves, encorpadas, com sabores de frutas, como pêssego, framboesa ou ainda misturada com chocolate, outro orgulho nacional. Cada uma delas tem seu próprio copo com tamanho e formato especifico, desenvolvidos especialmente para ressaltar as particularidades do sabor de cada uma delas.
Na Bélgica santo de casa faz milagre: Cada belga consume, em média, 93 litros de cerveja por ano, enquanto os brasileiros bebem apenas 47 L. As marcas nacionais dominam o mercado e pedir uma Heineken, produzida na Holanda, é quase um sacrilégio. Na verdade, em alguns bares não é nem possível encontrá-la.
Entre os lugares mais procurados pelos turistas esta o Delirium Bar, que fica no centro de Bruxelas, apenas alguns metros da Grand Place. Desde 2004, o lugar ostenta o recorde mundial de número de marcas cervejas no seu cardápio. São quase 2 mil disponíveis, vendidas a partir de 2 euros, das quais mais de mil são nacionais e as demais vindas de todos os continentes e de países como Sri Lanka ou Africa do Sul.
No bar, as cervejas são servidas em copos e temperatura específicos para cada marca. Na dúvida diante de tantas opções, comece pelas mais famosas do país: Leffe, Orval, Stella Artois e Duvel. A casa produz suas próprias marcas, a Delirium Tremens e a Nocturnum. Para quem não pode ir até Bruxelas, há uma franquia do Delirium no Rio de Janeiro.
Não é preciso fazer muito esforço para encontrar em qualquer cidade do país bares que vendam cervejas das mais variadas , desde uma simples Pintje, passando pelas que são servidas em copos de 1 litro ou ainda mais sofisticadas, vindas em garrafas de rolhas, em balde de gelo, como um nobre champanhe.
História
É importante entender que na Bélgica a cerveja é muito mais do que uma bebida, mas um símbolo nacional. A tradição cervejeira no país tem origem na Idade Média. Acredita-se que a bebida tenha começado a ser produzida nos monastério, especialmente durante as quaresma, período nas quais os monges não podiam ingerir comida sólida. Surgiu assim a cerveja de abadia, na qual são utilizadas ingredientes como coentro, casca de laranja e outros condimentos que asseguraram a fama da criatividade belga na hora de produzir cerveja.
Há cerca de mil anos a bebida era, inclusive, considerada milagrosa. Graças ao beneditino Arnold, que estimulou a consumação da cerveja ao invés de água para evitar as epidemias. Na verdade, o “milagre” se deve ao fato da água ser descontaminada durante a fervura.
A mais nobre das cervejas originadas em monastérios é da ordem trapista. Considerada uma das melhores do mundo, ela é fabricada apenas em sete monastérios, dos quais seis ficam na Bélgica e um na Holanda. Os locais são abertos a visitação, onde turistas podem acompanhar a produção e ainda degustar a bebida, que é chamada de “pão liquido” pelos monges devido aos nutrientes.
A exceção da Westvleteren , que pode ser apenas adquirida na abadia onde é feita, todas as outras marcas são facilmente encontradas em supermercados e lojas turísticas. O teor alcoílico é elevado, variando de 7 a 12%. As cervejas mais fortes são destinadas aos rituais religiosos.
Vale a pena programar uma visita a pelo menos uma das abadias e acompanhar a produção da bebida que é a cara da Bélgica:
Abadia Trapista de Westmalle (Antuérpia)
Abadia de Saint Sixte Sixtus (Westvleteren)
Abadia de Scourmont (Chimay)
Abadia de Notre Dame de Saint Rémy (Rochefort)
Abadia de Notre Dame d’Orval (Orval)
Abadia de Notre Dame de Saint Benoit Alchelse Kluis (Hamont Achel)
Abadia Onze Lieve Vrouw van Koningshoeven (Tilburg, na Holanda).