Brasileiros tem fome de investimentos em startups

Investidor e membro do Conselho Administrativo do Alpha EdTech, acredita no potencial das startups e no impacto social através da educação e investimentos em energia limpa.

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Publicado em agosto 16, 2022, 1:42 am
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Antes da pandemia, o país tinha engatado uma aceleração nos grandes fundos internacionais de investimentos de venture capital e agora, em 2022, a alta dos juros e inflação sugerem uma interrupção nessa escalada.

Em recente estudo realizado pela Distrito, um dos maiores ecossistemas de transformação e inovação aberta do país que busca acelerar a inovação nas corporações e alavancar negócios a partir de investimentos com impacto positivo na sociedade, aponta que apesar das mais de 320 transações que somaram cerca de R$ 15 bilhões, o Brasil teve uma queda de aproximadamente 45% no investimentos em startups.

Mas apesar do cenário negativo pós pandemia, Guerra na Ucrânia e consequente turbulência econômica em todo o mundo, startups em estágio inicial (early stage) receberam mais investimentos este ano (R$ 7,4 bilhões) do que no ano passado (R$ 6,5 bilhões).

A Rede de Comunicação do Jornalismo Colaborativo tem conversado com especialistas em investimento de startups para entender como eles avaliam o comportamento dos investidores em relação aos empreendedores que foram ou estão sendo obrigados a cortar e reduzir equipes para não perder valuation nesse momento de instabilidade econômica do país.

De acordo com Ricardo Wagner Roquetti que foi Pró-Reitor de Administração Adjunto e Membro do Conselho da Reitoria do ITA, Mestre em Ciências Aeroespaciais e Pós-Graduado em Administração Estratégica de Negócios, “esse é um grande dilema que desafia os líderes atuais”.

Invoz com os lendários Cel. Fernando (fundador do INPE) e Brig Piva (DCTA). Foto: Arquivo.

Sócio investidor da Packwind Renewable Energy, uma startup composta de pessoal já experiente em empreender e com a mentalidade inovadora, Ricardo levanta a dúvida se Valuation é um valor econômico em troca de uma participação ou de um retorno sobre o investimento, ou se é um valor tecnológico que traz algo disruptivo e melhora os padrões de qualidade de vida da sociedade e de produção. Para ele, que investe na Brendi, uma startup jovem de ex-alunos do ITA, “o maior valor está no ser humano, na equipe e perder esse valor para atender uma determinada posição presente pode destruir o futuro de uma empresa.”

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FINTECH da Packwind no PQTec. Foto: Arquivo.

Membro Independente do Conselho Administrativo do Alpha EdTech, desenvolvido pelo Instituto Alpha Lumen, projeto educacional voltado para pessoas de altas habilidades vivendo em ambiente de vulnerabilidade social, Ricardo é um estudioso da obra e do pensar do filósofo Mário Ferreira dos Santos com um acervo de mais de 80 obras e traduções do mestre paulista. Com especial interesse também na obra do Prof. Dr. Leônidas Hegenberg nos temas sobre Filosofia da Ciência e Lógica Matemática, explica que “cerca de 70 anos atrás, já previa arranjos onde o ser humano livre, de posse da tecnologia, iria tender a se afastar de dois grandes males que nos afligem: de um lado o capitalismo selvagem, onde o utilitarismo impera e a dignidade humana é sacrificada no altar do lucro e do outro o estado totalitário, onde a dignidade humana é encarcerada na prisão das visões monocromáticas de uma burocracia fria e implacável. Dessa forma, a tendência é que recursos oriundos desses dois lados diminuam, mas como a estrutura da realidade busca sempre um equilíbrio dialético, não no sentido de uma superação entre tese e antítese, mas sim na harmonia de visões que se opõe de maneira recíproca, emerge um tipo de forma de investimento onde conhecimento, governança, lucro e propósito possam sentar-se na mesma mesa e ao mesmo tempo. Entendo que as Startups são partes de um ecossistema humano, inovador e tecnológico onde esse capital com um novo propósito possa ser investido.”

Junto com Nuricel Villalonga Aguilera (Instituto Alpha Lumen) e Luis Pasquotto ( Board Member do Alpha EdTech e Ex VP Mundial da Cummins – Turma ITA 81 em Comemoração dos 10 anos do IAL. Foto: Pedro Ivo Prates

Nos últimos anos, a consciência por um mundo mais sustentável e menos desigual tem sido tema de muitos encontros internacionais entre nações. No entanto, os alertas quanto ao esgotamento de algumas fontes de recursos naturais essenciais para a produção de bens de consumo, alimentação e medicamentos chamam a atenção para ações imediatas de iniciativas privadas, inclusive da própria sociedade.

O Jornalismo Colaborativo quis saber se diante dessas demandas urgentes, há realmente uma tendência de investimentos em startups por soluções locais que possam mitigar a fome e a preservação da vida no planeta.

“Analogamente podemos comparar com o Estado, cuja política é centralizada nas estruturas de poder da capital, mas a vida real segue nos municípios. Cada cidade tem seu contexto histórico-social e ambiental e tem espaço para soluções sociais, econômicas e tecnológicas que tragam um benefício a todos.”, explica nosso entrevistado que apresenta resultados positivos a partir da RWR Consulting.

“Temos duas iniciativas de caráter filantrópico, a primeira buscando investidores e apoio estatal para o Instituto Alpha Lumen e fazendo parte do Conselho Administrativo do Alpha EdTech, uma Startup do HUB Alpha Lumen voltada para seleção, treinamento, educação e posicionamento no mercado de trabalho para programadores de pessoas com altas habilidades em vulnerabilidade social, independente da idade. Temos pessoas de 17 a 55 anos que se analogam num tremendo espírito de romper a barreira da miséria econômica por meio das habilidades humanas e tecnológicas. A segunda, atua como membro do Invoz, uma iniciativa filantrópica idealizada pelo Eng. e Cel Ozires Silva visando alavancar o empreendedorismo, a educação e a cultura aeronáutica do país. Temos os Grupos de Energia, Aviação Geral onde participo. E na Packwind estamos trazendo um parceiro tecnológico alemão com uma solução que deve ser a tendência no mercado de energias renováveis, um sistema híbrido contendo eólico, solar e armazenamento. Hoje contamos com uma parceria com o grupo Akaer, uma das empresas tecnológicas e de inovações mais respeitadas do Brasil e com alcance global para o desenvolvimento da viabilidade dessa solução no país. Estão comigo nesse esforço tecnológico e inovador da Packwind os Engenheiros Daniel Gil Monteiro de Faria, da ENGTELCO e Altair Carvalho da Silva, da Advansat, ambos oriundos do setor de telecomunicações que decidiram empreender no de energias renováveis.”

Ricardo Wagner Roquetti que é também Oficial-Aviador da Força Aérea Brasileira na Reserva e chefiou o Centro de Estudos Estratégicos da Universidade da Força Aérea (UNIFA) não parou de voar. Com mais experiência trocou as manobras rasantes para uma subida nas alturas onde as possibilidades estão no resultado coletivo de ações disruptivas que transformam vidas e nos ajudam a viver em um planeta melhor e mais sustentável.


Fonte: Jornalismo Colaborativo

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