A modelo Andressa Urach, internada no último sábado para tratar de uma infecção na coxa, segue sob observação e parece estar lentamente se recuperando. O episódio serve como alerta para o público em geral, que, no afã de transformar sua aparência de acordo com padrões aceitos pela massa, acaba se precipitando na hora de realizar procedimentos plástico-cirúrgicos. Não há problema em modificar o corpo, contanto que seja sempre sob orientação de médicos especialistas. Com o caso Urach, entrou em discussão o uso de uma substância comum em intervenções com finalidades estéticas, o hidrogel.

Na verdade, a denominação de hidrogel é genérica, uma vez que todos os produtos de preenchimento injetáveis são apresentados em veículo de gel hidrofílico. São 3 os produtos que podem ser usados no tratamento corporal, todos liberados pela Anvisa, o hidrogel com poliacrilamida (Vencido em 2010), hidrogel de ácido hialurônico (Em vigência até 2018) e hidrogel com poliamida (Vencido em março de 2013). Este último teria sido utilizado na modelo. Ou seja, apenas o ácido hialurônico é que pode ainda ser comercializado.

O produto contendo poliamida sintética, segundo informações que constam no site do produto, é indicado para correções em glúteos, panturrilhas, coxas, glúteos, entre outras. É considerado um produto semipermanente, ou de longa permanência, uma vez que, também de acordo com o site do fabricante, é reabsorvido em parte num período de 5 anos.

Apesar de ser apregoado como um material seguro, biocompatível e não migratório, a ausência de estudos em longo prazo desse material nos leva a adotar muita cautela quanto ao seu comportamento, por isso, seu uso não é aconselhado. A aplicação incorreta do produto pode levar a problemas sérios, como necrose da pele, trombose e isquemia, infecções, e, em alguns casos, até à morte.

Chamamos a atenção, sempre, na nossa clínica, Vivace Saúde do Homem, para a manutenção do uso de materiais aloplásticos com segurança comprovada, ou gordura do próprio paciente. O uso de produtos aloplásticos deve se ater a quantidades precisas e não a exageros para aumentos indiscriminados de volume. Convém lembrar do caso da modelo Claudia Liz, que ao se submeter a uma lipoaspiração em 1996, teve choque anafilático, que a deixou em coma e por pouco não lhe tirou a vida.

O bom senso que rege um profissional deve prevalecer em qualquer caso. A vida humana está acima de qualquer vaidade pessoal. Vamos prezar pela segurança na vida e na saúde sempre!

Dr. Gabriel Duarte Basilio
Cirurgião Plástico
CRM 52803359