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Pedro Lobo em entrevista para o Vale Jornal em julho de 2013.

Levantar um cartaz, gritar ordem de paz e promover simultaneamente marchas sociais contra a corrupção em todo o Brasil, é uma possibilidade que jamais existiu com tanta facilidade, durante anos da nossa história política.
Naquele tempo, era preciso um rigoroso planejamento para realizar uma manifestação ou qualquer outro tipo de operação contra o regime de exceção. A própria imprensa foi comprometida, jornalistas foram perseguidos e redações fechadas. Era preciso muita disposição de alguns profissionais do setor e coragem de militantes, para que a estrutura ditatorial fosse atacada.

Pedro Lobo foi um deles. Ele ousou enfrentar a ditadura no seu período mais obscuro. Hoje com 82 anos, radicado em São José dos Campos desde 1985, deposita nos jovens a esperança para uma séria transformação política no brasileiro. “O jovem deve ser mais patriota e sempre exigir do governo a punição de criminosos.”

Sua infância não foi nada fácil. Nasceu em Natividade da Serra, onde desde cedo, começou a trabalhar na roça. Com dezenove, foi ser pedreiro em São Paulo e depois de concluir os estudos, ingressou na Força Pública em 1955, atual Polícia Militar. Defensor da categoria, em pouco tempo destacou-se como militante comunista. Porém, com o Golpe de 64, foi exonerado e a partir daí passou a atuar nos movimentos contra a ditadura junto à Vanguarda Popular Revolucionária.

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Tinha uma relação estreita com os líderes Lamarca e Marighella e somente em 1969, Pedro é descoberto em Itapecerica da Serra, quando planejava assaltar o 4º Regimento de Infantaria de Quitauna, importante quartel militar e uma das espinhas dorsais da ditadura. A ação que pretendia desestabilizar o governo, resultou na sua captura sob tortura e na expulsão do país.
Pedro passou pela Argélia, Cuba, Chile, Argentina e Alemanha Oriental, até voltar ao Brasil com a anistia em 1980 e finalmente, ser reintegrado à sua carreira militar com o reconhecimento da patente de capitão. Sua trajetória rendeu um livro com um trocadilho de seu próprio nome: “Pedro e os Lobos“, do escritor João Roberto Laque.

Ao ver jovens protestando nas ruas da cidade, Lobo dá mais um conselho: “Procurem ler nas entrelinhas e enxergar além de onde a vista alcança.”

 

Video da entrevista de Roberto Laque sobre a vida e obra de Pedro Lobo.