O autor é Roberto Ravagnani, palestrante, jornalista (MTB 0084753/SP), radialista (DRT 22.201), conteudista e Consultor de voluntariado e responsabilidade social empresarial. Voluntário como palhaço hospitalar há 19 anos, fundador da ONG Canto Cidadão, consultor associado para o voluntariado da GIA Consultores para América Latina, fundador da Aliança Palhaços Pelo Mundo, Conselheiro Diretor da Rede Filantropia e sócio da empresa de consultoria Comunidea. www.robertoravagnani.com.br
Quando – 3 a 11 de agosto de 2018.
Onde – País – Peru / Província de Loreto / Cidade – Iquitos / Bairro – Belén / Selva Amazônica.
Depois de ter contado um pouco do lugar onde fiquei este tempo agora continuo a falar das experiencias.
A musica é um grande facilitador da comunicação e da junção das pessoas, em importar o idioma, a musica traz celebração e era um dos canais que facilitava muito a interação, mesmo que tosca, mais barulhenta do que ritmada, mas ela atraia e trazia as pessoas ao encontro dos palhaços e todos se divertiam muito até mesmo pela falta da musicalidade.
Outro local mágico foi a visita ao asilo São Francisco de Assis, também na região de Belén mas no alto onde não inunda, um asilo até que bem construído, com belas áreas verdes e muito bem cuidado, até onde conseguimos observar. Os atendentes que nos acompanharam muito solícitos e animados, os moradores, bem, aí como em qualquer outro asilo no mundo, tem suas histórias nem sempre as mais felizes, abandono da família ou do estado, mas principalmente a solidão indesejada é o que marca a grande maioria.
La também a música trouxe conexão, mas o toque, o olhar sincero e o ouvir verdadeiro fizeram toda a diferença no atendimento, sentar e ouvir muito mais do que falar, tentar entender e quando falava tentar falar de forma mais branda e amorosa possível, pois ali reinava uma vontade de ser acatado e não contestado.
As brincadeiras surgiam no meio da conversa, desde as mais faladeiras (mulheres) aos mais recatados (homens), todos tinham o que contar e muito para dividir. Delicia que não vimos o tempo passar, foi-se a tarde toda e ficaram as fotos e as histórias guardadas para sempre com certeza.
A visita ao centro de saúde, que funcionava como um mini hospital dentro do bairro de Belén baixa, na parte inundável, ficou a impressão de estar em um hospital ou posto de saúde do Brasil, tudo igual, salvo ele estar a 3 metros do chão, o restante, a falta de funcionários, a fila de espera, simplicidade, um pouco da falta de cuidado, eram nítidos e deixavam claros a fraqueza ou a falta de preocupação do estado com o principal de nossa vida, a saúde. Não que as coisas não aconteçam, sim acontecem, mas daquela forma que já conhecemos, demorado, sem prazos e com pouca importância. Triste ver lá também esta realidade, não que eu esperasse grande diferença com tudo o que já havia visto do lado de fora.
Certamente esqueci algum detalhe, pois foram 11 dias de muitas atividades, muitas emoções, muita interatividade e por mais que eu procurasse anotar o dia-a-dia, muito me escapou e ficou na lembrança e muito em a cabeça conforme conto ou falo de minha experiencia.
O aprendizado, a sensibilidade aflorada, o amor transpassado pelo olhar, o toque sensível e necessário, a energia irradiada, o aprender fazendo, o se abrir para o aprendizado natural e essencial, a troca necessária, são o que ficam para ser transmitido a partir de agora de diversas formas, por onde eu andar. Sei que não sou igual depois desta viagem, e quem sabe virão outras onde poderei transformar e ser novamente impactado e transformado, pois somos um livro em construção e nunca estaremos prontos, portanto vou continuar escrevendo a minha história.