A malha rodoviária brasileira padece de problemas estruturais, gerando prejuízos para órgãos públicos e privados, atrasando o escoamento da produção industrial e prejudicando as trocas comerciais com o exterior.
Embora grande parte das rodovias esteja sob administração privada, cuja manutenção é custeada pela cobrança de pedágio, uma considerável rede continua sem a devida atenção dos órgãos competentes. Uma delas é a BR-319, que liga a cidade de Porto Velho–RO, a Manaus-AM. Dos seus 857km, seiscentos deles nem podem ser considerados como uma estrada, mas um trilha intransitável, cercada por florestas, sem nenhum tipo de proteção ou calçamento.
Inaugurada em 1973, numa época em que o regime militar buscava povoar o norte do Brasil, é o único acesso terrestre a ligar o centro sul ao estado do Amazonas. De Porto Velho à cidade de Humaitá, já em território amazonenses, é possível transitar com relativa tranquilidade. A partir daí, não se percebe mais nenhum sinal de vida humana, e os únicos sons que podem ser ouvidos são os da floresta.
A 100km de Humaitá, no quilômetro 555 da via, localiza-se o povoado de Realidade. A estrada fica pior a partir desse trecho, e nem os moradores se arriscam a percorrê-la, pois os buracos aumentam em tamanho e as pontes encontram-se em estado precário. A rodovia segue paralela ao rio Madeira e seus afluentes cortam cerca de 100 trechos da via. Nas temporadas de chuvas, as pontes são arrastadas, forçando um penoso trabalho de manutenção.
A malha asfáltica insuficiente é um problema que aflige não apenas os locais mais isolados, mas também os centros urbanos. Gregory Maitre, diretor executivo da empresa de selante asfáltico Betuseal , mostra ao mesmo tempo preocupação e otimismo “sabemos do enorme desafio que é proporcionar calçamento de qualidade num país como o Brasil, mesmo com os avanços recentes. Cabe à iniciativa privada e às empresas, como a nossa, apoiar os setores industriais no sentido de minimizar esses problemas. Tenho total confiança de que reverteremos isso num período de tempo relativamente curto.”
Tomara que ele esteja certo, e que em pouco tempo estradas como a BR-319 façam parte do passado. O povo agradece!
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