A Jornada Mundial da Juventude sob a ótica de quem esteve lá
Jaderson Yelisetty Sree Rama Krishna, 17 anos, de Jacareí, aluno do terceiro ano do curso técnico em mecânica da ETEP, esteve na Jornada Mundial da Juventude e conta, com exclusividade ao Vale Jornal e Vale Publicar, como foi essa experiência no Rio de Janeiro.
Seu nome tem origem hindu, no entanto você é católico, sendo assim, o que você pensa sobre a fé e o que você diria das diferenças entre fé e religião, conhecimento e sabedoria?
Apenas que o hinduismo é uma religião milenar, a qual tenho respeito, embora seja incoerente com minhas convicções religiosas.
Jaderson, você esteve na JMJ. Para você o quer representa este movimento?
A Jornada Mundial da Juventude é para nós católicos o momento em que o líder máximo de nossa igreja, convoca os jovens de todo o mundo para, reunidos, confirmar nossa fé na Igreja e através dela transmitir a mensagem de Cristo revelado no Evangelho a todas as criaturas. Esse foi o lema da JMJ Rio 2013 “Ide e fazei discípulos entre todas as nações”.
Você já participou de outras jornadas ou missões? Quais?
É minha primeira participação em Jornadas da Juventude já que foi a primeira realizada no Brasil. Afinal, essa foi a 28º JMJ que teve como criador o papa João Paulo II. Foi também minha primeira participação em eventos religiosos internacionais. Já havia participado de missões nacionais.
Com quem você foi ao RJ? Fez muitos amigos?
Fomos em um grupo de 46 amigos de nossa paróquia. Tivemos a oportunidades de ver jovens de todas as partes do mundo, inclusive China e Japão. Fizemos amizades com pessoas de vários estados do Brasil e com jovens da Argentina, Espanha e Canadá, as quais estávamos mais próximos.
Por que decidiu ir ao Rio de Janeiro ver o Papa?
Ir para a JMJ foi uma vontade incomum de todos nós. Planejamos essa viagem com meses de antecedência para poder nos encontrar com aquele que cremos ser o vigário de Cristo na Terra.
Conte como foi o roteiro da sua viagem desde a saída de São José dos Campos até o Rio de Janeiro.
Saímos de São José na madrugada de sexta para sábado e chegamos ao Rio no sábado, por volta das 8 horas da manhã. Fomos deixados no centro da cidade e seguimos em caminhada juntamente com centenas de milhares de jovens até a praia de Copacabana, cerca de 20 km de caminhada.
E no Rio de Janeiro, como vocês se alimentavam? Passaram por momentos arriscados?
Durante o percurso até Copacabana paramos em um ponto de distribuição dos kits alimentação, demoramos cerca de 4 horas na fila para pega-los. O momento mais delicado era na hora de utilizar os banheiros químicos. Era preciso ficar ao menos 1 hora na fila pra utiliza-los ou pagar cinco reais para utilizar banheiro dos comércios que mesmo assim, possuíam filas. Isso se deu por conta das mudanças de ultima hora que houve na programação da Jornada, já que devido à chuva, os eventos que iriam acontecer em Guaratiba (que já havia uma infraestrutura melhor organizada) foram realocados para Copacabana e por isso não houve tempo para transportar todos os banheiros para lá. O que me chamou a atenção foi um evento que reuniu quase quatro milhões de pessoas e mesmo assim não aconteceu NENHUM tipo de briga ou violência em pleno Rio de Janeiro.
Como foi a programação durante os dias que esteve lá com seu irmão?
Participamos da vigília com o papa no sábado à noite e da Missa de envio no Domingo de manhã.
Você tocou o Papa? Esteve perto dele?
Tivemos a oportunidade de ver o papa de perto, não tocamos, mas vimos ele passar de papamóvel a poucos metros.
O que você sentiu ao olhar para a Santidade?
Ele, assim como seu antecessor, nos transmite paz. Há muito que se aprender com suas atitudes de simplicidade e humildade.·.
É visível sua fé. Você sempre foi devoto de Cristo? Como foi seu processo de educação religiosa?
Meu processo de educação religiosa foi espontâneo. Isso crescia à medida que me debruçava para estudar assuntos relacionados à história, doutrina e moral da Igreja Católica. Desde os 12 anos de idade, para buscar respostas às inquietações pessoais, comecei a estudar a fundo minha religião.
E a volta para casa? Ocorreu tudo bem?
Sim. Estávamos cansados, dormimos a maior parte da viagem na volta.
Quais foram os momentos mais marcantes durante estes últimos dias de devoção?
Todos os momentos, até os de dificuldades como enfrentar fila para usar o banheiro, dormir na areia da praia, não comer direito foram muito edificantes. A alegria de milhares de jovens era contagiante, nos dava força para continuar a caminhar e enfrentar as dificuldades. Durante os 20 km de caminhada éramos impulsionados ao som de tambores, violão, castanholas etc. de jovens que iam catando em vários idiomas durante o percurso, isso fez com que o tempo e a distância fosse curta. Tiveram vários momentos marcantes, por exemplo, é inexplicável ouvir 3,7 milhões de pessoas cantarem a mesma musica durante a missa. O som arrepiava qualquer pessoa. Somente quem estava presente podia sentir isso. Pela televisão não seria possível ter noção. Mas em meio a três milhões e 700 mil pessoas, o que impressionou foi o momento de silêncio TOTAL que se deu no momento sagrado da Missa. Durante esse período, as milhões de vozes se calaram e era possível ouvir apenas o barulho dos pássaros.
O que você diria sobre as mensagens do Papa em sua visita?
A visita do papa Francisco ao Brasil veio dar continuidade aquilo que Bento XVI realizou, mudando somente a personalidade de cada um. Ambos pregam a mesma coisa, com estilos diferentes. Ficou enfatizado, ainda mais, a preocupação da Igreja com as questões sociais. Com suas atitudes, o papa tocou em muitos católicos que ainda não se conscientizaram no dever de ajudar o próximo. Sem demagogia e sem se alinhar a partidos e ideologias politicas, o papa, pois em pratica a Doutrina Social da Igreja, assim com fez Bento XVI.
Você teria alguma mensagem para passar às pessoas que não puderam ou simplesmente não foram na JMJ?
Quem não participou da Jornada Mundial da Juventude no Brasil, possivelmente não estará vivo para participar da próxima em nosso país. Quem não foi perdeu uma grande oportunidade de viver um encontro com milhões de jovens de 180 países em nossa terra natal. A Igreja do mundo todo teve uma experiência belíssima com Cristo em terras brasileiras. Resta a dica para que participem da próxima JMJ em Cracóvia 2016.