pipas

Fico impressionado com a falta que faz a conexão com a internet atualmente. Não no meu caso – até que me viro bem. Preocupo-me com a reação dos meus alunos, dos meus próprios filhos quando não se tem acesso à grande rede mundial. Olhares perdidos, parece que falta até posição para se sentar confortavelmente… Uma dose dos velhos tempos faz-se necessária urgentemente.

Concluí meus estudos até no ensino médio na base do dicionário, livro, caderno e muitas, muitas visitas à biblioteca. E como eram mágicos aqueles momentos!! O máximo de tecnologia que usei foram fotocópias coloridas para ilustrar os trabalhos escolares. Melhor ainda era na hora da diversão. Será que a criançada de hoje imagina o que é ir ao bambuzal escolher o melhor caule para a confecção da própria pipa? Aquilo era divertidíssimo, uma aventura desde o início. Depois cortar as finas varetas e amarrá-las em cruz, passar a linha nas extremidades envergando o projeto de brinquedo voador o mais perfeitamente possível, era a hora de caprichosamente recortar e colar o papel e enfim ter em mãos o mágico brinquedo.

Assim como uma viagem à praia que acaba em um dia chuvoso, assim como uma pescaria onde não se pesca um lambarizinho sequer, somente a aventura da confecção da pipa já valia a pena. O planejamento e a realização do projeto do “papagaio” (cafifa, arraia) já compensava. A diversão estava inclusive na execução… Se houvesse vento, bem. Se não, ficava a esperança de um amanhã com mais sorte. Ah! Ainda havia o delicioso trabalho de produzir a “rabiola” da “aeronave” recortando as sacolinhas plásticas prévia e caprichosamente dobradas… Isso sem falar nos carrinhos de rolimã, “bola e bete” entre outras várias brincadeiras excelentes que fizeram da minha infância uma época mais do que feliz.

Hoje os brinquedos já vêm prontos. Todos dentro da mesma embalagem – a tela dos recursos midiáticos. Tablets, celulares e computadores são o auge da diversão dessa molecada internética. E a conexão com a rede, claro! Um computador sem internet é como uma pipa sem vento? Não, não… Ao passo que a pipa estivesse pronta em minhas mãos, o vento era somente um mero detalhe.

Eduardo Queiroz é paulista de São José do Rio Preto. Fã incondicional do bom e velho rock n’ roll, leciona as línguas inglesa e portuguesa a alunos de todas as idades. É revisor, editor, escritor e colunista semanal do Vale Jornal e outras publicações de Jornalismo Colaborativo do Vale Publicar.

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