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Com a redução do Fies e o agravamento da crise econômica, muitas instituições de ensino superior aumentaram a política de descontos nas mensalidades. Na Quero Bolsa, portal que reúne faculdades, a estimativa é que 30 mil alunos consigam algum tipo de abatimento neste semestre. Trata-se de um aumento expressivo, uma vez que o site registrou esse mesmo número de estudantes entre 2012 e 2015.

As escolas começaram a oferecer descontos já em outubro, sendo que antes essa prática ocorria no fim do processo de matrículas. A política de descontos adotada pelos grupos de ensino está sendo acompanhada com lupa pelos investidores, uma vez que há receio de perda de margem.

Segundo Bernardo de Pádua, presidente e um dos sócios da Quero Bolsa, o site tem 400 instituições cadastradas. Juntas, elas oferecem descontos para 300 mil vagas de cursos presenciais e a distância. O abatimento varia de 10% a 80%, sendo que a média é 30%. Há faculdades da Anima, Estácio, Kroton, Ser Educacional, Laureate e Cruzeiro do Sul. O percentual do desconto é calculado de acordo com a demanda do curso e da instituição, ou seja, quanto maior a procura, menor é o abatimento. No Mackenzie, o desconto é de apenas 10%, e cursos como o de medicina, cuja demanda é grande, não são ofertados. Várias escolas com marcas fortes não participam do programa do Quero Bolsa. Entre elas, estão Unip, Uninove, Pitágoras, Anhanguera, Fanor, Instituto Mauá de Tecnologia e PUC.

“Comparo uma sala de aula com um avião. Ambos têm um custo fixo que não depende do número de passageiros ou alunos. É mais interessante para a escola ter um aluno pagando 40% da mensalidade do que não te-lo”, diz o presidente da Quero Bolsa, que se formou em engenharia pelo ITA e tem outros seis sócios. A startup recebeu aportes do Redwood, fundo que investe em negócios de tecnologia, e também de investidores anjo como Eduardo Wurzmann, que presidiu o Ibmec por 10 anos.

A fonte de receita do Quero Bolsa é a primeira mensalidade, que o aluno precisa pagar integralmente. Pádua não revela o valor do faturamento da empresa. O desconto vale para todo o curso, mas o aluno não pode atrasar o pagamento sob o risco de perder o benefício.

Questionado sobre os impactos negativos do desemprego no negócio, Pádua diz que aumentou o cancelamento de matrículas. “Muitos alunos que já haviam pago a matrícula desistiram do curso por causa da economia. Quando isso acontece, devolvemos 100% do valor”, afirma o empresário. Segundo Pádua, a ideia em alguns anos é ampliar a oferta de serviços como teste vocacional.

Por Beth Koike, Valor Econômico

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