Em tempos de guerra o voluntariado pode trazer a paz.

Pode não parecer pois nunca foi decretado de forma oficial, mas estamos em guerra, uma guerra que ceifa centenas por dia e é cruel pois não discrimina ninguém, crianças, idosos, ricos, pobres, brancos, negros, homens e mulheres.

Nós somos os algozes e as vítimas, confuso isso, mas nem tanto, pois nosso silencio e omissão aos problemas sociais que existem nos transforma, no mínimo, em auxiliares ocultos dos algozes.

Disse acima que somos algozes e as vítimas, mas, “quem poderá nos salvar”, como diria o Chapolim Colorado.

Nós também temos o papel do salvador, não vamos nos colocar em um altar, mas temos o papel de resgate, de ferramenta para minimizar esta situação, percebam que não falei em acabar com tudo isso, mas sim minorar, tornar este problema um pouco mais palatável, não que eu tolere perder uma vida se quer, mas não podemos ficar na utopia de que tudo será resolvido em um piscar de olhos, seria uma grande mentira e frustrante.

Nosso papel é em primeiro lugar entender e reconhecer que existe uma guerra e que ela é severa.

Em segundo lugar nos colocarmos na posição de possíveis vítimas e observarmos com estes olhos, o que é necessário para mudar a situação.

Em terceiro lugar, após esta percepção, sair da inércia que existe e colocarmo-nos em movimento.

E em quarto lugar, aproveitar este, colocar-se em movimento, para com conhecimento decidir onde quer ir e o que quer fazer.

Os caminhos para esta realização são muitos e quase todos passam pelo voluntariado ou voluntariar-se para a melhoria das oportunidades apresentadas.

O voluntariado normalmente está atrelado a ser voluntário de alguma OSC, instituição ou até mesmo em um órgão público, mas temos que perceber que voluntariar-se é muito mais importante e difícil do que ser um voluntário de uma instituição. Voluntariar-se é uma decisão que exigirá uma cobrança pessoal muito dura e diária de não tolerar os abusos, os abandonos, os desrespeitos, as submissões e as quebras das regras.

Difícil nos dias atuais visto a quantidade de tudo isso que temos no dia-a-dia, portanto volto a enfatizar a dificuldade de voluntariar-se.

Aqui não me cabe ser desanimador, mas realista para que tome a decisão sabendo que vai enfrentar muitas batalhas e muitas serão perdidas, mas muitas serão ganhas. Foque nestas para superar as dificuldades, para superar o desanimo e tenha a certeza que voluntariar-se não é querer salvar o mundo, mas salvar a vida.

Há um bom tempo percebi que viver é o melhor presente que podemos ter, e que podemos fazer parte da solução para que nossa vida e dos que estão a nossa volta possa ser um pouco melhor e que a guerra pode ser difícil de ser lutada, mas que vale a pena enfrentar.

Vamos nos voluntariar? Eu já decidi, espero que você também.

O autor é Roberto Ravagnani, palestrante, jornalista, radialista, conteudista e Consultor de voluntariado e responsabilidade social empresarial. Voluntário como palhaço hospitalar há 17 anos, fundador da ONG Canto Cidadão, consultor associado para o voluntariado da GIA Consultores para América Latina, sócio da empresa de consultoria Comunidea e curador do site www.varejoconsciente.com.br / www.robertoavagnani.com.br

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